domingo, 25 de junho de 2017

POESIAS ACREANAS - Dr Juvenal Antunes - 1926

CIÚME

Anda sempre a perseguir-me
O medo de que me enganes,
Dizes-me, Laura: “Sou firme!
Porque essa ideia não banes?”
Mas, basta que alguém, falando
De ti, me digas és bela,
Vai a alma o ciúme entrando,
Como um touro uma cancela...
Quisera que a vista alheia
Em ti nunca visse fita,
Que os outros te achassem feia,
Só eu te achasse bonita!

Nunca me causa inveja,
Nem me enche a boca d’água,
Se alguma vez diviso
Um terno par que se ama e que se beija.
Tudo na vida passa,
Ou ventura, ou desgraça...
Existe em cada mágoa
Um laivo de esperança;
E a gênese da dor mora e descansa
Dentro de cada riso.
                
                     Juvenal Antunes - 1926

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