À Marildinha
Abrindo este teu álbum de poesias,
Onde bons versos pedirão pousada,
Vejo que o que estudei não vale nada,
E sinto, Marildinha, as mãos tão frias!
Tens só quinze anos. Eu, descendo a escada
Da vida por ingentes penedias,
Já sei que a idade mata as fantasias,
E, em vão, quero tentar nova escalada.
Mas, porque sou, então já velho e enfermo,
Não me conformo, pressentindo o termo
Das ilusões que cultivei sonhando.
É que os poetas, por castigo ou glória,
No mundo de ventura transitória,
Hão de viver e de morrer amando!
Juvenal Antunes 1929
Nenhum comentário:
Postar um comentário