BIFRONTE
A J. FERREIRA SOBRINHO, POETA ILUSTRE
Este é o que sempre usou, desde remota idade.
Um sistema feliz de interpretar a vida...
Alma dúbia e soez, e fronte bi-partida,
Goza especial prazer nessa comodidade
Tanto lhe faz mentir, como falar verdade...
Movendo a língua vil na boca poluída,
Se agora te mordeu com uma frase fingida,
Amanhã te dará um beijo de amizade.
A dualidade é a lei, que rege a natureza:
Temos o bem e o mal, a intrepidez e o susto,
Desengano e ilusão, fealdade e beleza...
Por isso é que a ele, aqui, neste soneto, eu gabo...
E é por isso, também, que acho lógico e justo
Que ele acenda uma vela a Deus e uma outra ao Diabo!
JUVENAL ANTUNES - RIO BRANCO, 1 – 5 - 1922
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