sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A ÚLTIMA REVOLUÇÃO ACREANA - 2010 - Nazareno Lima

 A ÚLTIMA REVOLUÇÃO ACREANA

                                                            Nazareno Lima



 Capítulo 7


7. – A Luta Ecológica de Chico Mendes
Não se sabe a origem do Pacifismo de Chico Mendes... Seria porque ele via a fraqueza dos seringueiros?
Cada Empate que se fazia era um risco de vida, não se sabia qual daqueles poderia morrer... Quem cuidaria da família daquele que por ventura viesse a morrer no conflito do empate?
Seria porque ele velou quase todos os seus companheiros que morreram na luta pela defesa da floresta e do seringueiro, como: Wilson Pinheiro, Jesus Matias, Raimundo Calado, João Eduardo, Evair Higino e tantos outros no Acre?
Em cada velório, havia uma grande faixa que os seringueiros mesmo faziam e nesta faixa uma frase: ATÉ QUANDO?
Talvez o pacifismo de Chico Mendes existiu, por não querer a morte nem de um lado e nem do outro. Ou será que o seu pacifismo foi para não perder o apoio da Igreja? Até porque o Chico nem era tão religioso assim, pois dificilmente ele ia à missa, não usava qualquer tipo de amuleto e não lia a Bíblia.
Eu mesmo fui companheiro de quarto com Chico Mendes, na casa do Gildo, na Rua R. G. do Sul, defronte ao antigo D.C.T. em Rio Branco, durante o ano de 1982 e nunca discutimos sobre a Bíblia, nem sobre Deus ou Jesus Cristo. Falávamos sim, sobre as injustiças e violências da Ditadura, sobre a perseguição que passávamos: quando um de nós saía de casa que o outro não estava, deixava um bilhete, sem assinatura, é claro, debaixo de uma lata velha de leite em pó vazia, dizendo: fui a tal lugar, volto tal hora. Pois em caso de desaparecimento de qualquer um de nós, o outro teria um ponto de referência para procurar, uma vez que a perseguição era enorme, tanto na floresta (estradas de rodagens, ramais, varadouros e etc.), como na cidade, principalmente nas ruas fora dos centros urbanos, tanto em Rio Branco como nos municípios. Na cidade éramos perseguidos pela polícia, por conta de processos causados por denúncias de empates considerados pela Justiça como agitações e mentalidade revolucionária, enquanto que na floresta éramos perseguidos pelos pistoleiros dos fazendeiros.
Falávamos da Revolução Socialista da União Soviética; falávamos da Nicarágua e da luta dos Sandinistas (inclusive anos depois ele pôs o nome de Sandino em um seu filho). Líamos o Pasquim, a Folha de São Paulo, o Varadouro... Lemos “Confesso que vivi” de Pablo Neruda, “As veias abertas da América Latina” de Eduardo Galeano, “A História da Riqueza do Homem” de Leo Hubbermam e “O Capital” de Karl Marx.
Afinal... de onde terá vindo o Pacifismo Martiricista de Chico Mendes?
Eu fiquei três anos (1983, 1984 e 1985) sem ver Chico Mendes, porém é bem provável que durante esse tempo ele tenha tido contatos com o pensamento de Ghandi, apóstolo da não violência que morreu assassinado em 1948, pois quando voltei a encontrá-lo em 1986, ele tinha um discurso bem parecido e eu esqueci de perguntar.
Entre estes encontros que tive com Chico Mendes em 1986, um deles, em novembro ou dezembro se não me falha a memória, foi marcado por uma discussão fortíssima e que durou mais de três horas, num banco da  Praça da Rodoviária de Xapuri, defronte a sede do Sindicato. Tudo começou por

Um comentário:

  1. Este trecho de leitura faz parte do Capítulo 7 do Livro "A ÚLTIMA REVOLUÇÃO ACREANA" escrito pelo Prof. Nazareno Lima em 2010 e que será publicado possivelmente em 2015

    ResponderExcluir