domingo, 15 de dezembro de 2013

AQUI - 10 -12 -1993 - Nazareno Lima



           AQUI  -  10/12/1993

                                 Nazareno Lima 

                 - I -

Tu és mais soberba do que foi Roma,
Ô terra natal dos oportunistas !
Enquanto abrigas vis capitalistas
És mais prostituta do que foi Sodoma !

Amante daqueles que dos pobres, toma:
Enquanto aplaudes os mais egoístas,
Despresas assim os grandes artistas
E ao violento à cada dia assoma !

Lembrai pois, dos imensos seringais
E Também dos gigantescos castanhais
Qua há muito tempo se fizeram lenha ...

E o Seringueiro tão humilde e forte:
Tu o chamaste para a própria morte
E por tudo isto tu jamais se empenha !
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Toca exploradora e explorada:
Esconrerijo de pobres gatunos,
Nos bons Palácios, os grandes tribunos
Protagonizam, discursando Nada !

Foi tu, ó carrasca vil, desvairada
( Cuja maldade me lembrou os hunos
E a rebeldia que tem os meus alunos
É a tua herança que a genética fada! )

Que na minha introspecção estatística
( É desconexa minha casuística
Que o pensamento não dialetiza ... )

Atraplhou-me para todo e sempre
Enfraquecendo-me precocemente
E me tirando a última camisa !!!

                 - II -
Herdeite pois, esta triste cinda:
Meu fraco corpo sob ti, habita
Mas, minha alma tristemente aflita
S'tá na floresta habitando ainda !

Este teu castigo, enquanto não abranda
E nem o meu nome a tua boca chama:
Meu magro corpo por justiças clama
E minh'alma triste entre vales anda!

Enquanto errada, contra mim se vingas:
Meu corpo frágil por tuas praças vaga
E minh'alma alva enquanto não se apaga
Vive nas matas à cortar seringas !

Enquanto trair-me-á por anos vindouros,
Meu corpo trilha por teus sujos becos
E minh'alma odiando estes matos secos,
Anda tristonha pelos varadouros !

Enquanto me exploras à cada vez mais,
Com tamanha mágoa, a qual me consome:
Meu pobre corpo vive à passar fome
E minh'alma vaga pelos tabocais !

Enquanto negares os direitos meus
Com estas tuas leis ultra-corrompidas:
Meu corpo anda à mendigar comidas
E minh'alma vive à se lembrar de Deus !
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3 comentários:

  1. Este Poema faz parte do Livro "A BOCA DO VARADOURO" escrito pelo Prof. Nazareno Lima e Org. pelo Prof. Isaac Ronaltti do TJ-ACRE.

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  2. Na mais profunda melancolia, nessa época retratava o Prof. Nazareno não somente a sua situação econômica e social, mas também de todo o povo acreano que, originário da floresta, onde viviam do trabalho do corte da seringueira eram obrigados a viver sem trabalho e sem apoio político na cidade de Rio Branco, capital do Estado do Acre. Esse caso da expulsão dos seringueiros da floresta para dar lugar as pastagens e a criação de gado bovino, gerou, o que o próprio poeta Nazareno Lima chamou de, A Ultima Revolução Acreana - 1968-1988 e que foi escrita em forma de Livro porem não concluído por aconselhamento dos seus companheiros de literatura e também historiadores do Acre.
    O Poema "Aqui" que está composto de "Aqui-I, Aqui-II, Aqui-III, Aqui-IV, Aqui-V e Aqui-VI, foi publicado em 2008 na Antologia Poética "A Boca do Varadouro".

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  3. A situação do povo seringueiro expulso da floresta foi algo muito serio no Acre da década de 1970 e 1980. A Imprensa Acreana teve oportunidade de comentar alguns casos na palavra de Garibaldi Brasil e Emílio Assmar, este último muito amigo do Prof. Nazareno Lima. A Literatura Acreana não retratou esse fato por não querer ir de encontro aos ideais da Ditadura Militar, que na época administrava o Brasil.

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