sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

SOLILÓQUIO À MINHA MÃE - Nazareno Lima e Chico Mendes-1982




⦁    IV –

Juntando-se pureza e contaminação,
Estrangula-se a retina dos meus olhos.
Estas coisas juntas são meus antolhos;
A cor verde-escuro com a cor do carvão!

Verde – Ó meu verde-escuro !
Não se acabe ... não vá embora!
Lutarei pôr ti até a última hora
Pois tu és a razão do nosso futuro!

Verde abençoado, da minha Mãe a cor
Que desafia o espaço buscando a luz...
Hoje ameaçado pelo ferro duma cruz
E pela mão humana que não tem amor!

Verde – de onde viestes tu ? Assim ...
Tão bom tal qual meus pais!
Queria eu não saber para onde tu vais
Porém, vejo o começo de teu fim!

Ó mãos humanas – Tentáculos de pedras
Que apertam a aceleração dos motores:
Matando vidas vegetais aos horrores
E não se cansam de ouvirem as quedas!

As vozes tristes ... As que ordenam
A ação de destruir de formas pretextas.
A bulimia maldita de todas as bestas
Pairam nestes seres que o natural condenam!

Queria, com meu pobre raciocínio ...
Que, de olhar, meu ego se consome:
Saber a vil razão desta atra fome
Destes ambiciosos do extermínio!

Responde-me ó Deus, porque tanto come
Esta sociedade devastadeira?
Ainda que destruas a floresta inteira,
A floresta inteira não lhes mata a fome!

Ruirás também tu, ó homem que devasta.
Um dia ... quando deixares de comer,
Aí então ó homem, poderás entender,
O erro humano desta tua fome nefasta!
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Um comentário:

  1. Este trecho de leitura é a Parte IV do Livro "Solilóquio à Minha Mãe" escrito pelo Prof. Nazareno Lima e Chico Mendes, quando eram "Companheiros de Barraca", morando na Rua Rio Grande do Sul, em Rio Branco em 1982. Está publicado na Antologia Poética "A BOCA DO VARADOURO", escrita pelo Prof. Nazareno Lima e Organizada Pelo Prof. Isaac Ronaltti do TJ-ACRE em 2008.

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